quinta-feira, 17 de junho de 2010

Revolução Industrial

A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra , com a mecanização dos sistemas de produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de produzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A burguesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a produção de mercadorias. Também podemos apontar o crescimento populacional, que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias.

Arrojo Inglês

Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor. Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra disponível em abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras ), também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.

Avanços da Tecnologia

O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas. As máquinas à vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.
Na área de transportes, podemos destacar a invenção das locomotivas à vapor (Maria fumaça) e os trens à vapor. Com estes meios de transportes, foi possível transportar mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com custos mais baixos.

A Fábrica

As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.

Reação dos trabalhadores

Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa forma de protesto e revolta com relação a vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores.

Conclusão

A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A poluição ambiental , o aumento da poluição sonora , o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos tem faltado empregos para a população.

Após toda essa informação pratica, para maior compreensão segue abaixo dois videos que em menos de 15 minutos irão revistar tudo que estão nos parágrafos acima, assim tendo uma ótima ficsação.



domingo, 14 de março de 2010

Malinche, a Judas mexicana


por:

Vinícius André Ferreira Furlan nº 20
Antonio Carlos Augusto dos Santos nº 2

Alunos do colégio LEAO XIII - 2º E.M.


Bilíngüe, a índia Malinche ajudou os espanhóis a se comunicar com os nativos. Apontada como uma das responsáveis pelo extermínio dos astecas, no México seu nome ainda é sinônimo de palavrão

Em 1519, um navio espanhol aportou em Tabasco, na costa do golfo do México. Seus ocupantes, todos estrangeiros, receberam dos nativos diversos presentes de boas-vindas. Pães, frutas, aves, ouro e pedras semipreciosas foram entregues aos desconhecidos navegantes. Entre os regalos estavam 20 mulheres escravas. Elas deveriam preparar-lhes a comida e, claro, prestar outros favores que tornariam sua vida ali mais agradável. Inclusive sexuais. Entre as escravas, uma virou polêmica. Fluente em maia e asteca, a moça serviu de intérprete para os estrangeiros e os ajudou na comunicação com os índios locais. Chegou a ter um filho com um dos europeus. O mestiço Martín é considerado o primeiro "mexicano" da história. Malinche, seu nome, continua a ser considerada uma traidora, espécie de Judas de sua nação. Seu envolvimento, afinal, foi com Hernán Cortés, o homem que destruiu o Império Asteca e deu início ao extermínio do povo de sua própria amante.

Pouco se sabe sobre Malinche, citada apenas duas vezes nas cartas que Hernán Cortés escreveu para o rei espanhol Carlos I. Acredita-se que ao nascer, por volta de 1496, tenha sido chamada de Malinalli, nome de uma erva que, trançada, era usada para fazer roupas, e também de um dos dias do calendário da época, exatamente aquele em que ela nasceu. Era uma índia nahua, uma das diversas etnias que compunham o México pré-colombiano, provavelmente de Xalixco, na divisa entre o Império Asteca e estados maias. Francisco López de Gómara, que escreveu em 1552 Historia de las Indias, conta que a menina era filha de pais ricos, mas que foi seqüestrada ainda criança e vendida para índios de ascendência maia, de Xicalango. Eles a teriam passado para o povo de Tabasco até ela ser dada para os espanhóis.

Há outra versão, contada em 1560 pelo conquistador espanhol Bernal Díaz del Castillo, que acompanhouCortés e escreveu La Historia Verdadera de la Conquista de la Nueva España. Segundo ele, os pais da índia eram caciques em uma cidade chamada Paynala. Após a morte de seu pai, a mãe teria se casado com outro cacique e tido um filho com o novo marido. Para que o bebê tivesse direito à herança, o casal resolveu dar a filha mais velha para os índios de Xicalango. Assim, ela teria aprendido tanto o idioma maia quanto o náuatle, a língua asteca. Habilidades que a tornariam indispensável para HernánCortés.

O BATISMO DO MITO


Malinche virou Malinche após o encontro com os espanhóis. Ela e dela, pois acreditaram que os chamava para matá-los, e choravam. E, assim como os viu chorar, dona Marina os consolou e disse que não tivessem medo, que quando a entregaram aos xicalangos não sabiam o que faziam, e os perdoava, e lhes deu muitas jóias, ouro e roupas, e disse que voltassem a seu povoado", escreveu Díaz. "Dona Marina tinha muita personalidade e do espanhol. No fim, eles não foram de serventia alguma, já que não conheciam os idiomas locais. Mas a experiência mostrou aos colonizadores a necessidade de treinar intérpretes. Assim, segundo Gorges L. Bastin, professor de lingüística e tradução da Universidade de Montreal, no Canadá, e autor de um estudo sobre tradutores no Novo Mundo, Colombo levou dez nativos de volta para a Europa para que pudessem aprender a cultura e a língua espanholas, política mantida em expedições seguintes, como a de Américo Vespúcio, em 1499. O próprio HernánCortés, além de Malinche e Jerónimo de Aguilar, teve, no começo, a ajuda de Orteguita, um garoto mexicano que checava se as palavras que Malinche traduzia correspondiam mesmo ao que o espanhol havia dito. Espanhóis treinavam pessoas para conseguirem comunicar-se com nativos do Novo Mundo.

As 19 outras escravas oferecidas aos conquistadores foram as primeiras pessoas batizadas na América. Após o ritual, ganharam nomes cristãos. A índia foi chamada de Marina e, sem conseguir pronunciar o "r", aos poucos foi sendo transformada em Malintzin. Por sua vez, os espanhóis, com dificuldade para falar como os índios, passaram a chamá-la de Malinche.

Jerónimo de Aguilar, um religioso espanhol que naufragara por aquelas bandas provavelmente em 1511 e falava náuatle, era o intérprete oficial de Cortés. Quando descobriram que Malinche falava maia, ela começou a ser usada para fazer Cortés entender o que os povos daquela origem falavam. Ela ouvia as frases em maia, passava para o asteca e Aguillar fazia a tradução do asteca para o espanhol. De tanto fazer isso, a jovem logo aprendeu o espanhol e ganhou nova alcunha: era agora "a Língua", aquela que intermediava a comunicação entre os indígenas e os recém-chegados. A escrava começou a ganhar importância, a ponto de se tornar amante de Cortés e ter um filho com ele, Martín.

Por suas habilidades lingüísticas, Malinche passou a ser usada nas operações de conquista por Cortés, que a infiltrava em várias tribos. Ela inclusive esteve presente no primeiro encontro entre o espanhol e Montezuma II, o imperador asteca, um momento decisivo na história mexicana, em 8 de novembro de 1519. Também foi graças a ela que Cortés conseguiu se comunicar com diversos outros índios.

Numa de suas andanças, a índia reencontrou a mãe e o irmão mais novo. Bernal Díaz conta que, após a chegada dos espanhóis à tribo, os parentes de Malinche foram batizados. A mãe passou a se chamar Marta e o irmão, Lázaro. Ele era o cacique da tribo, assim como o pai fora. Ao reconhecerem Malinche, a mãe e o irmão ficaram apreensivos. "Tiveram medo dela, pois acreditaram que os chamava para matá-los, e choravam. E, assim como os viu chorar, dona Marina os consolou e disse que não tivessem medo, que quando a entregaram aos xicalangos não sabiam o que faziam, e os perdoava, e lhes deu muitas jóias, ouro e roupas, e disse que voltassem a seu povoado", escreveu Díaz. "Dona Marina tinha muita personalidade e autoridade absoluta sobre os índios de toda a Nova Espanha." Malinche foi, na época da conquista, apresentada pelos cronistas como uma mulher poderosa a ponto de fazer um cacique e sua mãe chorarem de medo. E piedosa na medida em que perdoava os abandonos passados. Mais que isso: era uma senhora respeitada e influente. Mas sua imagem mudou muito com o tempo.

ESPANHÓIS X ASTECAS

A ajuda dos povos dominados e a superioridade técnica, com armas mais poderosas e o domínio da pólvora, são duas das possíveis razões para a queda do Império Asteca diante de Hernán Cortés e seus homens. Outra teoria diz respeito aos deuses, que tinham enorme importância naquela sociedade – o que pode explicar a fácil rendição do imperador Montezuma diante do invasor num momento interpretado por ele como o fim de um ciclo, cercado de profecias que apontavam para a volta do deus Quetzalcoatl para retomar seu reino. Montezuma teria enxergado Cortés como o próprio Quetzalcoatl. Como a teoria fatalista não seria compartilhada por todos os astecas, a rendição do imperador não foi bem aceita – e ele foi morto com uma pedrada de origem incerta.

Cortés teve de enfrentar o novo imperador, Cuauhtémoc, que não aceitava o domínio estrangeiro. Aí entrou a superioridade tática: "Cortés contraria a chamada 'guerra florida' dos astecas, uma espécie de balé com hora marcada, em vez da emboscada, por exemplo", diz Leandro Karnal, professor de História da Unicamp e autor de Teatro da Fé – Representação Religiosa no Brasil e no México do século XVI. "Com isso, em 13 de agosto de 1521, Tenochtitlán [a capital do império] cai. Cortés foi um homem hábil politicamente, muito carismático, que soube arregimentar a simpatia dos índios."

Malinche tornou-se fundamental para os planos do conquistador porque, como diz Bernal, "Cortés, sem ela, não podia entender os índios". Apesar da importância estratégica e de ser mãe do filho do espanhol, Malinche foi novamente entregue. Dessa vez, por Cortés para um companheiro de expedição, Juan Jaramillo. Ela se casou, ganhou a liberdade e teve uma filha, Maria. Não se sabe quando Malinchemorreu – acredita-se que foi em 1529, mas algumas fontes falam em 1551.

Mais de três séculos depois de sua morte, o filósofo e lingüista Tzvetan Todorov afirmou em seu livro A Conquista da América: "É verdade que a conquista do México teria sido impossível sem ela". Todorov destacava a importância da linguagem em todo o processo de domínio da civilização asteca e dos povos ao redor por Cortés. E explicava, assim, a dimensão que o nome de Malinche tomou no país.

Não só sua imagem mudou ao longo dos séculos, mas também a importância atribuída a ela. "Na época da conquista, ela era respeitada. Não foi só tradutora e amante, tinha influência", afirma Leandro Karnal. "Depois da independência, o México construiu a identidade do asteca como ancestral de sua nacionalidade, como um povo feliz, o que é uma visão romântica. Então ela vira a traidora. Sua imagem só começa a ser reabilitada nos anos 80, quando a importância da comunicação, da mulher e dos aliados indígenas cresce nas análises históricas."

Houve muita violência na conquista da América. Mas o que alguns especialistas contestam hoje é que a chamada "visão romântica" nega o outro lado: a crueldade dos astecas com os povos dominados, que incluía uma enormidade de sacrifícios humanos em nome dos deuses. "A figura do espanhol não foi vista como a de conquistador num primeiro momento, por isso tantos povos se uniram a ele. Cortésliderou um exército de indígenas, Malinche não era a única ao seu lado", afirma o historiador José Alves de Freitas Neto, da Unicamp.

Para Todorov, a índia que ajudou a Espanha a dominar o México "anuncia o estado atual de todos nós, inevitavelmente bi ou triculturais". O problema é que a mistura que Malinche representa é vista até hoje como impura em seu país, atrelado ao passado romântico. Com isso, a população não reconhece nela o que Octavio Paz chama de "Eva mexicana" – ou a mãe simbólica de todo um povo.